segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Talvez bastante sal

 - E você?
 - Seria a favor da antropofagia.
Olhei espantado. Imagine você, quando alguém realmente te admira, te mata e te come. Com um pouquinho de sal.
 - Antropofagia? Não tinha nada melhor na sua cabeça não?
 - Até tinha... mas eu gostei de antropofagia.
 - Isso é algum fetiche? Porque se for, acho melhor você ir mais pra lá...
 - Não é não! É só algo que eu praticaria.
 - Mas por quê?
 - Engoliria o Kassab, por exemplo. Ainda poderia dizer que foi por pura admiração.
 - Aí não é antropofagia.
 - Exocanibalismo, antropofagia... Tá quase tudo ali. Acabaria com muita gente que não devia estar aqui.
 - Você tem um ar de fascista disfarçado que...
 - Eu sei. Mas garanto que nunca simpatizei com Mussolini.
 - Você não é de Deus, cara.
 - Nem você.
Voltei pra casa frustrado. Nunca havia imaginado alguém que me olhasse nos olhos e falasse "eu seria a favor da antropofagia e canibalismo". Senti um pouco de desgosto, até passou pela minha cabeça ele comendo as pernas de algum ex-presidente da república, ou quem sabe algum skinhead bem recheado.
Comecei a pensar em como a sociedade reagiria ao saírem cultos antropófagos no Jornal Nacional, escandalizados pedaços de humanos esquartejados, uma taça de vinho e um guardanapo usado. O tanto de cristãos fazendo o sinal da cruz, maçonaria acusando de nova característica de alguma teoria da conspiração, orações pelo espírito do banquete, macumbeiros macumbando, urubuzinhos tirando lasquinhas. Uma cena um tanto quanto nojenta, sangrenta e abençoada.
O termo "abençoada" então me fez lembrar de um livro de um autor russo chamado Fiódor Dostoievski e sua obra-prima irmã de Hamlet, Os Irmãos Karamazóv. A grande pergunta do livro é a seguinte:

E se Deus não existir? Se todas as crenças religiosas, todas as questões, se tudo isso fosse abandonado e todas as pessoas do mundo todo desacreditassem e religião virasse um assunto niilista; tudo seria permitido?

Acredite ou não, mas antropófagos têm desculpas pra comer carne humana do mesmo jeito que carnívoros têm desculpas pra comer hambúrguer. "Sangue exige sangue". Do mesmo jeito que o ser humano, as vacas sentem, só não falam sua língua. É tipo você comer um russo que tentou falar japonês com você num sotaque irlandês.
E não abrange só carne e idiomas e mugidos, mas todas as visões éticas de um ser sobre outro. Se todos deixassem de acreditar em Deus, ainda haveria alguma ética entre as pessoas? Haveria respeito? A violência dominaria o mundo ou as pessoas se respeitariam?

Por outro lado, será que as pessoas precisam da religião pra manter uma ordem, manter as cabeças no lugar? Ter alguma razão pra viver, pra existir e cumprir o seu papel no mundo?
Deus é a esperança dos desesperados, o motivo pra cada pessoa pobre querer viver e não querer comer as pessoas que passam na rua pra não morrer de fome, talvez. Deus serviu pra acalmar a classe trabalhadora e mostrar pra ela que havia alguma luz no fim do túnel.
Virei ateu.
Luz no fim do túnel, ora essa! Antônio Conselheiro por acaso salvou alguém? Trouxe uma luz imensa de esperança, ah, isso sim, mas no final todos se encontraram com armas de fogo na testa. Nunca ouviu falar de que o honesto sempre se dá mal no final? E por quê? Porque é honesto! Se você é honesto, hoje em dia, você é bobo. Você se deixa passar pra trás, não tem a lábia ou a malícia. Mas como assim?! Significa que quem tá no céu é Jesus e fim, certo? Ninguém mais é honesto. Ninguém mais é do bem. Há controvérsias em toda parte, Hitler foi como um pedaço do céu pra alguns alemães e foi um demônio encarnado pra milhares de judeus. Milhares, de judeus.
Sei lá se o cara existe ou não. Como é que eu vou saber? Alguém sabe por acaso? Sei só que acredito que ele não exista. Faz mais sentido pra mim.

Antropofagia.

- Ainda não entendo você querer comer gente.
- Nem eu.
- Ué!
- Acontece que talvez algum dia eu precise disso.
- Comer gente?
- Exato.
- Um puro soldado na trincheira.
- Comendo meus amiguinhos com sal, na esperança de vencer a guerra por eles.
- Sobrevivendo.
- Sobrevivendo não só por mim, mas em nome dos outros.





Eu não entendi isso direito.
Em compensação, nenhum dos assuntos tratados aqui é realmente completamente... entendível. Ficam então as questões no ar, e a indicação do livro "Os Irmãos Karamazóv", de Fiódor Dostoievski.
(Isso porque o livro tem uma citação legal sobre amor que eu vou citar num outro dia. Imagine se eu fosse tratar de amor nesse meio...)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Feliz

dia do sexo.
Pra você que é virgem e não vai perder a virgindade nos próximos 50 minutos, feliz dia da punheta.

o post decente tá logo abaixo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

De novo

Ando passando minhas tardes me sentindo inútil.
E algumas manhãs também, tipo quando algum espertinho lá abre a boca. (eu tenho que trabalhar nisso hein)
Meu amigo uma vez me perguntou como é que eu conseguia ser tão 'cult', ser tão ligada em arte e correr tanto atrás dela.
A resposta, que no dia foi só um sorriso, é simples meu caro
A cultura é meu refúgio.